Domingo, sozinho em Porto Alegre, acordar tarde, uma tarde fria com sol e vento... Isso me remete aos anos da minha infância, nas tardes frias e ensolaradas do inverno santo-cristense.
O quintal de casa era grande, todo gramado. Pés de limão, de laranja, de manga, de mamão... O que mais me lembro era um salgueiro-chorão que meu avô tinha plantado quando meus pais se mudaram praquela casa. Passava tardes brincando num espaço de areia junto ao pé-de-chorão, numa espécie de mundo paralelo só nosso. Aquela era a minha árvore, minha amiga de infância. Enquanto eu brincava de balanço, pendurado nos galho, a noite ia chegando, na maioria das vezes trazendo com ela os vaga-lumes, fadinhas brilhantes que sinto falta hoje - no verão, as cigarras também eram freqüentes.
Não vejo mais minhas fadinhas brilhantes soltas e felizes como via antigamente. Nem mesmo as tardes frias são iguais. Nesse fuzuê, as coisas mudam rápido demais. Alguns fatos nos remetem a outros, já passados, que trazem boas lembranças. Mas são só lembranças vagas, lembranças de sentimentos que nos marcaram fundo e nos moldaram. Dizem que na velhice retornamos à infância, porém mais maduros pra compreender tudo. Será mesmo? Boas lembranças trazem junto a dor da perda. Nos aliamos a outras pessoas que sintam o mesmo que a gente e a dor acaba indo embora, ficando só a boa lembrança. A parte ruim é que esses aliados - os amigos 'do peito' - são poucos. Raras são as vezes que passam de três pessoas - no meu caso são duas, meus dois melhores amigos que sou incapaz de esquecer.
São nesses amigos que temos que nos ligar para sermos felizes. São a eles que devemos ser gratos, a eles que devemos nos dedicar. São a eles, principalmente, que devemos agradecer a todo instante por existirem. Termino aqui com meu agradecimento e minha declaração de amor a vocês dois, meus amigos.
P.S.: Tendo em vista que vocês sabem que são vocês, não vou colocar nomes.