sexta-feira, 25 de setembro de 2009

My forgotten rill.

Lembro que, quando ainda criança, costumávamos passear, durante as tardes de domingos, em uma D20, pela zona rural da cidade onde nasci, Santo Cristo. Na metade do caminho, mais ou menos, a estrada de chão batido era atravessada por um riacho. Literalmente. Para continuar, tinha de se passar por dentro do riacho. A emoção era tão grande, para mim e minhas irmãs, que meu pai parava o carro e seguia o mais devagar que podia por dentro do riozinho, que não tinha mais de 30 centímetros de profundidade.

O tempo foi passando e nós perdemos o costume de passear. Veio o computador, a internet [...]. Coisas muito mais interessantes. [Será que eram mais interessantes mesmo?]

O fato é que, depois de alguns anos, pedi a meu pai que voltássemos a ter os passeios. A idéia era boa, reunir toda a família de novo. Apesar disso, o objetivo principal era passar de novo pelo riacho. Quem sabe até molhar os pés nele?! Seria ótimo, uma vez que a nascente era perto dali. Então chegou o Domingo, o grande dia. Pipoca, chimarrão, todo mundo pronto dentro do carro. Decidimos por fazer um trajeto um pouco maior do que costumávamos fazer. Havia muito tempo não nos reuníamos assim. A cidade não era grande coisa. A zona rural menos ainda. Mas para mim era linda! Tinha [ainda tenho] tantas lembranças de lá... Chegando perto do riacho meu pai nos adverte da proximidade. Euforia, ansiedade, curiosidade. Como será que estava o meu riacho? Enfim chegamos lá. Decepção total! Com o tempo, o pequeno riozinho foi recebendo mais água. Conseqüentemente, arrastou consigo a terra e as pedras. A famosa erosão. E pior! [Sim, podia ficar pior] Construíram uma ponte por cima dele! O tão grandioso passeio se tornou uma decepção pra mim. Meu adorado rio havia mudado.

Muitas vezes deixamos as coisas mudando, pensando que elas vão continuar do mesmo jeito que estão. Nada fica como está. Nada. Tudo muda, por menor que seja a mudança. Esqueci do meu rio por algum tempo, e ele foi passando, continuando o ritmo dele. Quando finalmente relembrei dele, ele já não era mais o mesmo. Nem mesmo as árvores em volta tinham se mantido. Tudo havia mudado. Agora, aquele riachinho de águas cristalinas existe só na minha lembrança. Nunca mais vou poder molhar meus pés nele.